
Compartilhe:
A utilização de “…” em meus textos, muitas vezes me colocou frente a frente com a revisão, que me perguntava: Quando você põe reticências, o leitor pode pensar o que quiser; então, e se ele pensar ou seguir um caminho avesso, inclusive prejudicial às suas expectativas?
.. Em primeiro lugar, acho isso fantástico, ou seja, deixar o leitor pensar o que ele quiser, toda vez que uso isso… É fundamental que a pessoa pense o que quiser. Em um atendimento terapêutico, qual seja, é esperado que ela esteja totalmente à vontade.
Mesmo que ela pense o oposto daquilo, que hipoteticamente é mais comum, ou esperado, porque não vivemos “só” de acordo com convenções. Quem faz isso, quem se permite ser assim, permanece à vontade..; agora quem precisa sempre de respostas prontas, esses enquanto estiverem no controle…🤭
É por isso que acho incrível usar… Dá ao leitor a liberdade de pensar o que quiser. Outrossim, estou dando a quem me lê apenas mais de mim mesmo; talvez, se dissesse tudo, explicasse tudo, ainda assim, não teria qualquer garantia de que o “outro” compreendesse…
Explicar certas coisas, esgotando a compreensão para não restar “sombra” de dúvida, pode exigir mais do que as palavras. Há situações em que, sem aquela vivência, sem ter sentido na pele, a pessoa pode ter uma ideia do que é, mas passa longe de compreender, apenas para citar um exemplo, o texto: PRECISO DE AJUDA – Preciso conversar com alguém. Às vezes quero dividir minhas vitórias; outras, chorar minhas derrotas.
Há situações em que usar “…” nos permite a liberdade. No espaço terapêutico, é equivalente ao silêncio, ao “aham”, ao “sei”, que ajudam, muitas vezes a abrir a torneira, dar vazão àquilo que estava represado.
Que seja uma raiva incontida, um sentimento de descontrole exagerado, uma catarse, o êxtase, a sensação de vazio ou de que parece não haver discurso. Isso porque não há nada a ser dito, muitas vezes porque não há nada mesmo, e nem é uma metáfora.
Ler… e se sentir incomodado, pode deflagrar a necessidade de um preenchimento. Para alguns é aquele vazio insuportável, quase como um “tapa na cara” com luvas de pelica, dizendo que você não está vendo, está na sua cara…
Mas isso… é a experiencia individual de cada um com… porque pode não passar de provocação intencional, fazer com que… o que tem morada dentro de nós, venha para fora e diga: Estou vivo! E tendo vindo para fora e dizendo: Estou vivo…
A liberdade de pensar o que quiser pode nos levar aos extremos, mas nunca podemos nos esquecer de que quem está indo aos extremos somos nós. Os extremos são variáveis, mas nós… se permanecermos variáveis, as consequências serão variáveis…
Preciso de atendimento, preciso compreender por que as lacunas deixadas de propósito na vida me incomodam tanto. Por que não me dou bem com esses intervalos, o que… faz comigo, todas as vezes que não obtenho respostas.
Às vezes, simplesmente, não existem; pelo menos não àquelas da minha compreensão. E não que haja um valor qualquer oculto, pois de fato, de modo concreto, pode nada existir. E viemos desse NADA, e quando estamos retornando para ele, ocorre a “depressão”…
O próximo tema que vou retratar é “a depressão, quando há de fato, ou apenas boato” – respondo: há uma depressão de BOATO, não é um desânimo, ou o fundo do poço, como alguns insistem, não pretendo esgotar o tema, pois seria impossível, mas…